Só conhece as Vendas? Não sabe o que perde!
- Academia Compromissus

- 25 de ago.
- 4 min de leitura
O universo da negociação é vasto e complexo, transcendendo a visão simplista de que "negócio fechado" se resume apenas à venda.
Neste que é o terceiro episódio da nossa série de seis sobre negociação, após explorarmos a importância da duração do negócio e a gestão estratégica da Data de Previsão de Conclusão, mergulhamos num conceito fundamental: a gestão das conclusões do negócio: Venda, Perda e Não Negócio.
Liderança e Cultura de Gestão
Um chefe de vendas de uma equipa de alto desempenho sabe que a análise semanal não pode limitar-se a negócios em curso. Em reuniões individuais com os vendedores, começa por rever todos os negócios concluídos na semana anterior: aquele que já se esperava perder e se perdeu, o que foi adiado inesperadamente, e o que parecia promissor mas acabou por ser conquistado pela concorrência.
Esta visão permite um ponto de situação objetivo, fundamentado nos dados do CRM, disponível para consulta e análise a qualquer momento.
Noutras equipas, este momento não existe: só se falam de vendas. As perdas e os adiamentos perdem-se no rasto da memória, não entram para o CRM e não servem de aprendizagem.
O resultado é uma equipa que gere apenas uma parte muito pequena da atividade, menos de 1/3, e que se fecha numa visão limitada.
Pipeline vs. Funil: A Escolha da Liderança Madura
O Funil, embora útil para simplificar um fluxo ou processo, é inútil para a gestão de uma equipa de elevada performance.
O Pipeline, por outro lado, representa um conceito de gestão onde se consideram duas linhas paralelas: tudo o que entra em negócio é gerido, incluindo todas as suas conclusões, que na maioria dos casos não se resumem à venda.
Um líder que almeja otimizar os resultados da sua equipa e gerir 100% da sua atividade, não pode ficar restrito às vendas (o funil), mas sim gerir toda a atividade de negociação – o Pipeline, onde vendas, perdas e não negócios coexistem e são igualmente importantes.
Portanto, no Modelo Compromissus, a nossa linguagem é clara: não falemos de Funil, falemos sempre de Pipeline
O Funil simplifica o processo, mas é inútil para a gestão de equipas de alta performance.
O Pipeline representa a visão estratégica: tudo o que entra é gerido, incluindo as suas conclusões — vendas, perdas e não negócios.
A Aceitação e Gestão das "Não Vendas": Perdas e Não Negócios
Uma empresa avançada entende que não basta medir vendas. É igualmente vital gerir e partilhar as "não vendas". Isto inclui:
• Perdas para a concorrência: Situações em que o cliente opta por uma solução do concorrente.
• Não Negócios: Casos de adiamento da decisão, erros de diagnóstico na abordagem inicial, ou outras situações em que o negócio não se concretiza em venda, nem se perde diretamente para um concorrente.
Só ao aceitar e gerir estas "não vendas" de forma próxima do real é que se pode verdadeiramente aprender com a realidade.
Não é incomum observar 2 ou 3 perdas para cada venda, e ainda 1 ou 2 não negócios, variando estes números entre profissionais. Estes dados são um espelho fiel da vida real da atividade comercial.
A Aprendizagem Nasce nas Dificuldades, Não Tanto das Vitórias
“Ou eu ganho ou eu aprendo” Nelson Mandela
As vitórias confirmam competências; as dificuldades ensinam e permitem evoluir.
Equipas maduras analisam semanalmente todos os negócios concluídos e não apenas os em curso.
O líder promove formação, cria rotinas e, com o apoio do CRM e do CIC (Centro de Inteligência Comercial), identifica padrões reveladores: vendedores que não registam perdas, discrepâncias entre perdas e não negócios, ou adiamentos repetidos.
O CIC(ou BDC) desempenha aqui um papel central.
Quando pode contar com 100% das entidades registadas no CRM, acompanha todas as conclusões, identifica e potencia novos negócios no futuro e estrutura-os desde logo no sistema. Assim, a reflexão após cada conclusão torna-se ponto de partida para novas oportunidades.
É aqui que surge a questão fundamental:
Destes 1560 negócios concluídos por Venda, Perda e Não Negócio — “Será que, no futuro, vamos iniciar outro negócio com estes clientes?”.
O Índice: A Ferramenta Real de Análise da Alta Performance
A análise séria faz-se através de índices — perdas e não negócios face às vendas.
Taxas de concretização, por mais apelativas, nunca chegam a 100% e muitas vezes escondem omissões.
Vendedores que apenas declaram vendas e omitem perdas podem criar uma falsa perceção de performance. O índice, pelo contrário, mostra a realidade e permite ação corretiva.
Casos possíveis:
Situação 1 - Equipa com:
X Vendas
~0,1 Perdas face às vendas
~0,1 NN face às vendas
Não estamos perante (liderança) gestão de pipeline com objetivo de melhorar as competências dos profissionais e os seus resultados. Estamos perante uma equipa que trabalha em funil, só as vendas são geridas, todos os outros negócios serão esquecidos, quer na análise quer provavelmente no seguimento para o futuro.
Taxa de concretização, próxima dos 100%... Um exemplo de como este indicador, aplicado na gestão de negócios, é simplista e enganador. Muito a melhorar, nesta equipa.
Situação 2 - Equipa com:
X Vendas
~2,3 Perdas face às vendas
~1,8 NN face às vendas
Estamos perante uma equipa com gestão avançada, focada na melhoria contínua.
Se imaginarmos que o líder da equipa tem um vendedor com um indice de perdas mais elevado, poderá treinar este profissional nas técnicas de negociação e coaching à decisão, por exemplo.
Se por outro lado tiver um vendedor com um índice de NN superior ao grupo, poderá treinar o profissional para que este melhore as competências em qualificação.
Em Síntese
A maturidade de uma equipa também se observa pela sua capacidade de gerir todo o pipeline. Vendas, perdas e não negócios não são apenas números, mas sim matéria-prima de aprendizagem, otimização e evolução. Quem só regista vendas perde a oportunidade de crescer. Quem abraça a gestão integral conquista não só resultados de hoje, mas também um futuro sustentável de alta performance.
Assista ao nosso podcast sobre esta matéria:



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